terça-feira, 25 de novembro de 2014

Raciocínio Perverso

Minha ambição era negar. Fosse o mundo denso ou oco, ele só provocava minha negação. Quando era para estar acordada, eu dormia; se devia falar, me calava; quando um prazer se oferecia a mim, eu o evitava. Minha fome, minha sede, minha solidão, o tédio e o medo, tudo isso era, sempre, uma arma apontada para o meu inimigo, o mundo. É claro que o mundo não estava nem ai para esses sentimentos, e eles me atormentavam, mas eu extraia uma satisfação mórbida do meu sofrimento. Ele confirmava a minha existência. Toda a minha integridade parecia residir em dizer Não. 

Doida e doída.



Quando sou outra, me explode o coração
mas dizem que só se pode ser outra quando se é uma...
e eu não quero ser nenhuma.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

A falta que move

É covarde como vivem a vida. 
Pessoas são enfeites na vida de outras pessoas.
Meros badulaques…
Costumo às vezes fingir alegria
Esquecendo os dogmas que inventei
Exigindo soluções 
Não me sujeito ser óbvia , mas sou.
Essa memórias mofam e apodrecem dentro de nós
O amor neutro é frouxo.
O amor tem que pedir de joelhos, ter fome e sede.
A felicidade é ilusória , 
e o melhor estado , é o de não estar.
Só amo nos outros , o que eu não vejo em mim.
Projeção barata.

Me abri demais para pessoas sem sentido.
Faz tempo que eu não me encanto por algo. Estou insatisfeita por inteira, meu corpo pede algo que nem sabe o que quer. Sei lá , essa gente chega querendo me desvendar, tirar de mim , me revirar do avesso , saber meu nome e meu endereço … E vão assim me subjugando , tentando entender meu silencio , me transformando na mocinha da novela das seis.
Eu nem sei minha função , nem sei meu destino .

É muito mais fácil passar a sua vida inteira sem incidir o banal defeito da hipótese.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Desabar

Tem dias que eu tenho que me construir , para depois a vida me demolir inteira.

Adeus, Agosto... Sem gosto.

(A - prefixo de negação )

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

(...)

Ela está sentada em seu bar preferido , jogada na boemia da noite, disposta a receber elogios , críticas ou apenas sorrisos. Ela procura no outro, uma alma composta... disposta a receber os altos e baixos que a vida faz questão de esfregar em sua face diariamente. Uma mulher dotada da exuberante ausência de falsos pudores, que diz , grita aos quatro cantos aquilo que pensa e o que quer... E se você pensa que vai conseguir domina-la , você está completamente .... correto! Domine-a !
Sua vida nos últimos anos pode ser resumida em amores mal vividos , amizades mal selecionadas , um eterno vai e vem de pessoas estúpidas , que fazem questão de adentrar em nossas vidas e se acham no direito de ir embora deixando toda essa bagunça.
Anteontem, ela conheceu um cara ... Desses que a gente sempre pensa que é diferente dos outros, na verdade , talvez ele possa até ser... Mas no meio desse escarcéu de estupidez e erros vale a pena lembrar das vezes em que nos arrependemos de deixar de conhecer alguém por medo. Ou das vezes que deixamos de lado o medo para entrar (mais uma vez) em um beco sem saída.
E que me perdoe o criador dos ditos populares... mas , "Durma com ele , mas não acorde arrependida JAMAIS "

Ela se lembrou disso... dando uma tragada no cigarro dele e sorrindo.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Te demito das minhas idéias.

Recolhi-me por mero instinto,como dedos que se esquivam de um copo gelado. Eu, que vivo de encontrar grandeza nas miudezas, não me admito metade. Quero tudo em completo. Só seu desprezo é capaz de me colocar freios. Te esqueço facilmente, e volto a lembrar por capricho.
Não há mais um grama de sofrimento em qualquer ausência que você me trouxe.
 Abri as janelas nessa madrugada fria, escrevi sobre uma vida ainda não vivida por mim, acendi 3 cigarros ,  apostei no pior, troquei de músicas, procurei não repetir as palavras ditas. Daí eu me vi diante de novos mistérios, daí eu reinventei todo o tédio que você já está cansado de saber. Acordar antes de o sol dar as caras era uma prova de que ao redor tudo pode ser modificado, por dentro e por fora. 


Não é frieza.
É defesa.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Se quiser saber como, depois eu te conto


Nosso idioma é a mesma língua. Eu te nego contato visual enquanto meu corpo declara o que quer. Me permiti a insônia da saudade sabendo que podia me perder na vontade do passado talhado pra soar perfeito...Mas calma, ele não se trata de um amor catatônico entregue aos ecos do tempo, ele é só ... ah , ele é só! Pois antes de ser minha inspiração ele foi transpiração. 
Tenho minha própria forma de ter você, eu venderia ele em qualquer banca barata de esquina para quem goste de respirar pequenos ganhos , afinal...  Imagino-me com você de todas as formas. E não suportaria nenhuma. Ou soma, ou some...

Ontem cedo , no elevador, fiz uma conta rápida nos dedos com a certeza de que não morrerei de amor pelos próximos doze anos...


sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Colírio para meus olhos...

Agora ? Depois de tudo ? Do caos , da brisa e da partida .... Agora vem implorar suor? Te nego , nêgo. Hoje escorro é por outras bocas, visto outras roupas.

Não sou a dose homeopática de antes... Meu conta-gotas explodiu.

-Chap

domingo, 27 de julho de 2014

É estranho sentir dormência quando a outra metade grita...

Estava aqui reparando no meu acúmulo de grossas camadas de desencontros e alguns amontoados de falências... Costumava dizer que quem não me olha no fundo dos olhos pode até me enxergar , mas não me vê. E cá entre nós, eu sou tão estranha para você , quanto sou para mim mesma... Nem tudo é poesia.


Sentir é perigoso,mas eu prefiro assim.

Pensamentos de um domingo chuvoso


Se paixão fosse movível , eu arrancava ele de mim e fazia um quadro... Que é para verem como é lindo o sofrimento de sentir sozinho...

Deixei de lado a vaidade de perder alguém por orgulho.

Anteontem , quando a campainha tocou e era você  eu tive a certeza do quanto eu estava dentro do que não queria estar. Olho para você querendo contar a leveza dos meus atos, querendo arrumar a bagunça que você deixou dentro de mim... Lá fora chove fraco, embora aqui dentro de mim esteja em pleno dilúvio. Preciso parar com essa mania de querer limpar o que esta sujo e de querer adestrar o mundo. Estou tendo que manter metade de mim calada , quando a outra metade grita, suplica por você!Ah ... você ...

domingo, 13 de julho de 2014

 Na minha lista de prioridades eu já apaguei as chances de agradar os olhos deles, não ligue não, a vida é assim mesmo bagunçada... Tapei os ouvidos e fechei a boca. Só abro se for pro coração botar reparo!

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Só para deixar claro....

O amor pra mim é como um orgão vital... E deve ser exatamente por isso que eu me sinto tão enferma. Não sei gostar e desgostar assim... Portanto, não entre na minha vida como um estranho adentra em um local.
Não sei que dia é hoje , e nem que horas são. Desliguei meu celular e me anulei , zerei completamente... Na espera que as coisas possam voltar ao início, mesmo sem saber onde começei...Só não quero continuar me perdendo dessa maneira. Abri as janelas e deixei que tudo se renovasse aqui dentro. Lá fora consigo ver a vida passando, e a minha aqui... paralisada, imóvel. Costumo dizer que eu sou incansável,tanto para meus desastres quanto para minhas alegrias. As coisas são tão óbvias, e eu sempre tento modificar a forma de ve-las, não consigo me adaptar ao fim, ao recomeço e muito menos aos vestígios deixados...

Não nasci para aceitar metades, eu sou inteira. Ando esperando tanto a chegada mas por enquanto só recebi a partida...

terça-feira, 3 de junho de 2014

A beleza que sai dos poros....

Se tem algo que eu aprendi com esse guri foi como encontrar o ponto culminante do meu narcisismo.
Mas diferentemente da grande massa mundial eu demorei um certo tempo para perceber , até porque seu estado químico dilacerado não é visto a olho nu, nem a corpo nu, se é que me entendem. Eu passei um certo tempo planejando planos heroicos, paranoicos, eróticos , egoicos , excêntricos , atípicos e como sempre... Genéricos.
Ele é o tipo de cara que em algum momento da sua vida vai fazer você se perguntar " O que será que eu estou fazendo de errado?" , uma vez que a pergunta deveria ser " Na sua casa ou na minha?" . Bom , mas ele era, e é muito bonito... Falo da beleza que sai dos poros... Vai tratar você muito bem, e não vai ligar em passar horas discutindo Bukowski , sabe fazer massagem e quando você precisar de uma dica musical ele não vai te sugerir Slayer, não que Slayer não seja legal , ou visceral ...Acho na verdade que eu me apaixonei exatamente no momento em que eu saquei  que ele faz do amor romance de Dostoiévski ao som de Novos Baianos narrado por Jane Birkin e parafraseado por Neruda, e foi aí que começou o auê. Tudo calmo, tudo lindo. Até que ele surge. Pronto. Neuroses, "descabelamentos", dramas ... Eu não posso com isso!

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Ego-amor

A perspectiva positiva que tenho da vida é amar-me indefinidamente. Amar o que sou: ''Humana e efêmera". Amar o meu acima dos meus . Amar o próximo como amei o anterior , e amar-me como nunca amei e nem quis amar a nada que venha de outro espelho. Eu me basto por ser toda minha e concedo vagas a outras possíveis formas de amor, desde que seja eu o objeto de desejo, o alvo e responsável por tua evocação de eterno amor mentido. Amor eterno jamais é amor verdadeiro , amor tem que ser inteiro, tem que ser fragmentado um pouco a cada dia. Amor é caro alimento preparado na hora e consumido no ato. Jamais se põe no forno o amor que está no prato. Jamais requentar o amor do dia a noite, mesmo que fria...
Nem o abandono merece o amor morno, com gosto de passado, meu amor próprio se faz a cada respirar , a cada pulsar , a cada milésimo de segundo em que vivo e agradeço a existência das palavras que transbordam de mim...
Meu amor-poeta.

Rotação

Meus amores estão à deriva
Em um mar de esquecimento
E cada esquecimento
É uma lembrança que mergulha
E sem encontrar o caminho do cais
Fica esquecida
À deriva
À mercê de um descuido da memoria

Por isso que estou sempre alerta,
Portas fechadas, farol apagado,
Canoa ancorada.

Não quero amores novos
Sei que todo novo terá o seu dia
De ser esquecido.

Meu mar de esquecimento
Está a ponto de secar
Seremos eu e ele

Um nada no sistema solar.

terça-feira, 18 de março de 2014

''Mariazisses''

três ou quatro passos curtos daqueles a poupar meio pé, menos por conta do assoalho, acarpetado num verde oliva, que por qualquer herança infantil da qual não havia se desfeito, os olhos ainda com impressão de abertura oriental, cabelos umedecidos de suor e a ideia fixa remanescente da noite passada: uma conversa definitiva com o dono do Jornal para o qual era colaborador propondo-lhe uma coluna direta do Oriente Médio, quem sabe desbravando o solo milenar da Península Árabe: era hora de mudanças! Mas o amanhecer empalidece intentos apaixonados, e Bernardo revisou os três parágrafos escritos para uma matéria sobre o engarrafamento histórico da noite anterior numa via principal de ligação da cidade e apanhou uma folha de jornal da qual se servia todas as manhãs para forrar a casa do canário (afinal o jornal de ontem já estaria imundo como era de praxe pela manhã), e a gaiolinha magricela atravessada pelo sol na diagonal pendulava à altura dos olhos do rapaz que num movimento estanque se pôs imóvel, perdendo as cores da cara, lívido, donde a mão esquerda fechada em riste era a única parte do corpo a denunciar-lhe tensão que fosse. a agulha da vitrolinha às suas costas havia implicado com um risco de nada bem no meio do primeiro ato de “La Traviata”, num agudo da Callas. Bernardo estava cúmplice da morte, e sem mover os olhos questionou-se se interviria a favor ou ao menos para desferir qualquer golpe de misericórdia, não. Jobim, o canário do reino, seu pássaro canoro e companheiro de madrugadas férteis já não era, intumescido e com os olhos pretos e enormes a saltar contorcia-se estirado logo abaixo do poleiro sobre o qual esbanjara graça orgulhosa nas alvoradas de outrora, e nada poderia nem deveria ser feito, era a morte do bicho. conformado, na sua absoluta falta de religião balbuciou um Pai Nosso entre dentes enquanto assistia imóvel àquele ritual último de segredos inacessíveis. findo e imóvel o pássaro, o rapaz  em movimentos lentíssimos desemperrara a agulha da vitrola, enchera o cubículo de volume e com Callas aos berros preparou-se para o dueto em grande estilo, desempenharia a parte de Francesco Albanese que agora lhe cabia, estava em choque, Jobim era querido, e não havia nada que pudesse ter sido feito para salvá-lo. insistiu na ópera até o fim, esgoelou-se num funeral pitoresco, depois mudo jogou o pássaro no lixo da cozinha: estava sozinho e triste, a manhã desfigura mesmo as promessas da madrugada.

domingo, 9 de março de 2014

Te procurei em todos os botecos,boites e quartos
das minhas noites sombrias
na minha juventude duvidosa

Te procurei nas praças, cafés
museus e festas infantis
dos meus dias de sol
na minha idade média

Te procurei por dentro
entre
subliminarmente
sempre!